HISTÓRIAS E ESTÓRIAS NO FOLCLORE DE PARINTINS. CAPÍTULO I - LIVRO: A ORIGEM DA VIDA – UM BOATO PARA OTÁRIO ENTENDER

por Tadeu Garcia.

Conta-se que, pelo lado de lá, há um movimento arrebatador para provar os cem anos de um boi, sem ser, parecer, estar, permanecer, ficar, ou seja, todos os verbos que levam a um predicativo do sujeito!

Afinal, trata-se de uma instituição com notável senso de organização: 

a) Pesquisadores Sêniores, com canetas banhadas a ouro combinadas com azul-turquesa; 

b) Pesquisadores Júniores, com canetas prateadas, combinadas com azul-pavão. 

Busca-se de tudo: fotografias, anotações, rascunhos, notas telegráficas, vestígios dos hidroaviões da Panair, traduções dos turcos, judeus e japoneses que migraram para a Ilha Tupinambarana, etc. 

Vale tudo: vestígios, rumores, humores, restos arqueológicos, etc. 

Também trabalhos escolares, teses, antíteses, rabiscos. 

De outro lado, os contrapontos para essa mobilização são: 

Que não se quer ler: O livro de Raimundinho Dutra com revelações sobre o ano de 1925; 

Que não se quer ver: o videoclipe da Rede Amazônica de 1987, em que a D. Sila Marçal, azul e mãe de Raimundinho Dutra, declara abertamente: 

O PRIMEIRO BOI FOI O GARANTIDO! Querem colocar que as testemunhas, tais como no Direito Brasileiro, são as provas-prostitutas. 

Eis que encontro o Coiote na Praça dos Bois e traz as conversas para boi dormir: 

“Disque (diz que) uma pesquisadora sênior anda em todos os pontos da gleba tupinambarana em busca de uma idosa de 113 anos, acompanhada de um sofisticado GPS de última geração, para localizá-la em coordenadas geográficas”.

 “Trata-se de uma prova irrefutável de alguém que perdeu sua virgindade numa quermesse do contrário, no trecho da Rua Sá Peixoto, entre o Esconde e o Urubuzal!" 

Indago: Coiote estás será leso! 

Respondeu: Mé falaram! 




Tadeu Garcia
Engenheiro Agrônomo Pós-graduado em Heveicultura e Gestão e Controle da Poluição Industrial Especialista em Projetos Econômicos para financiamentos. Criador de gado bovino e bubalino' Compositor musical vinculado a União Brasileira de Compositores e exclusivo da editora Universal ex-Polygram.

Centenário do Garantido





 Charlene Duvallier, às 5h da manhã, por telefone, na gravação do DVD do Garantido em Manaus, eufórica...

Oi Fofinha - (eu já fiquei mordida, pois fofinha é bucho de pão) -, o Garantido  A. R. R. A. S. O.U!!! Foi emocionante, aquele mar de gente, tudo vermelho no sambódromo, todo mundo lindo, produzido, bem maquiado, sorrindo feliz.

Eu pergunto: Quer dizer que a noite do DVD te fez esquecer os últimos acontecimentos?
Cinicamente ela diz: que acontecimentos? O que foi que aconteceu que merece a minha atenção?
E a tagarela continua: O palco tava massa e, pra matar o povo invejoso que achava que “a gente tá numa pior”, o Boizinho veio de helicóptero! Eu olhava para cima e tentava adivinhar... É o coelhinho da Páscoa, é o Papai Noel, convidado de honra, nada disso... Era meu boizinho lindo, surpreendendo toda a galera que aproveitando que estava de boca aberta gritava enlouquecida G A R A N T I D O. Me vi criancinha, gargalhando ao receber um presente surpresa.

Ei Charlene, sabes alguma coisa do Vamos Brincar de Boi?

Brincar de boi sem o Garantido? É igual a brincar sozinho de macaca, bolinha, pião... Não tem a menor graça! Quero mesmo é saber se o vídeo boy tá procurando a origem dos 100 anos do contrário...

Não sei contar multidão mais acho que chegamos perto das 20 mil pessoas... A sensação é que tudo era vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhão!

Agora chorei muito, amiga, ouvindo o gigante Émerson Maia cantar e chorar e o nosso eterno amo João Batista Monteverde e o sempre elegante garotinho de ouro do Garantido, o Paulinho Faria... Você nem imagina a corrente emotiva que pairava naquele sambódromo! Mais uma vez ensinamos que historia se escreve com H maiúsculo, com respeito e resgate de nossos ídolos. Você sabia que o Rei, ex-amo do contrário, ficou na cozinha, no dia da festa deles? Na nossa festa, vários itens antigos e tradicionais do Garantido estiveram presentes. Teve homenagem ao Chico da Silva e apresentação de toada inédita do Tadeu Garcia...


Somos assim, PÁVULOS! Deixamos o contrário sem AR dessa vez e digo mais: Contrário, agora não chora... Copia, mas dá o crédito... Vem pra Manaus gravar DVD também... Vem...

Saudade, palavra triste...




Hoje peço licença aos amigos do blog para chorar... Isso mesmo chorar a saudade de Paulo Emilio, meu grande amigo.

Conheci Paulo em 97, no curral do Garantido em Manaus. Parintinense, talentoso, inteligente, polêmico, apaixonado pelo Garantido... Sintonia imediata e perfeita entre nós...
Juntou-se a nós o Salgadinho, outro apaixonado pelo Garantido. Éramos um trio inseparável. Até mais ou menos  o ano de  2001, estávamos ligados diariamente, quer seja por telefone, ou nos encontros nas praças e lanchonetes. Falávamos de tudo, não havia barreiras ou tempo limite para nossas conversas, quase sempre quilométricas.

Nos tornamos uma dupla quando Sal fez o seu caminho de volta para casa. Perda dura para ambos e, na época, motivo para selarmos um pacto: dizer “sempre” da importância de um para o outro. Foram muitas batalhas, muitas descobertas, muitas tristezas, mas também infinitas e inesquecíveis alegrias.

Às vezes ele me perguntava: por que as pessoas olham pra mim e acham que estou com raiva sempre? Eu respondia na lata: Pqp, Paulo, você não sabe sorrir, fala alto demais e critica muito... Ele sorria meio sem graça e dizia: não fiz curso de ator, não posso fingir emoções. Mas eu sabia que criatura doce, maternal ele era... Sabia também que ele vivia uma profunda solidão...

Em sua trajetória, acompanhei a chegada e partida de muitos amores, dei palpites na construção da casa nova, na escolha dos nomes dos cachorros, discuti projetos dos quais não sabia bulhufas, mas que ele me detalhava com uma alegria juvenil.  E eu entendia na hora o que o meu amigo “megalomaníaco”, era  assim que os menos próximos classificavam o Paulinho, não conseguiam enxergar:  a visão futurista do grande arquiteto. Ele via sempre o futuro, o crescimento das cidades, da população e para tanto previa soluções. 

Em 2012, fui passar as férias em Manaus e mais uma vez meu amigo me fez mimos, foi ao shopping, ao Largo de São Sebastião, ao cinema, tomou sorvete, comeu pipoca  e ainda se propôs a comer caldeirada, o que até então não era a sua escolha preferida de culinária regional. Mas EU estava em Manaus, eu, a sua melhor amiga, sua companheira de tantas horas, aquela amiga que estava com a mão estendida sempre, com os braços abertos a toda hora... E ele sabia como poucos me fazer mimos e sacrifícios.

De minha parte, a recíproca era mais que verdadeira. Nos meus planos de ser feliz, ele desenhava a minha casa, planejava meu sonhado jardim de inverno, tomava banho de mar, pegava uma cor nas praias do Recife e festejava  mais uma vitória do Garantido, e desta vez no ano do centenário.

Agora, no auge do desabafo, eu te pergunto: Mas, Paulo Emilio Rodrigues Galvão, você não poderia ter me avisado do seu estado de saúde? Você não teve como me ligar do hospital? Foram trinta dias em um leito de hospital solitário, sem a minha mão quentinha, sem a minha presença quieta, velando pelo teu sono, ouvindo as tuas histórias, tirando o sorriso escondido do teu peito cansado, suavizando esse momento pessoal e doloroso.

Mas que droga de egoísmo! Que solidão é essa que afasta de ti quem te ama tanto quanto eu? Mesmo assim, após chorar horas e horas, canto bem baixinho nossa toada preferida, Luzes rubras... ” Quem não sonhou com as luzes rubras, iluminando o Garantido numa noite de esplendor. Quem acordou com a toada no embolo anunciando que o meu boi chegou “...

Durma bem meu amigo, tenha o descanso dos justos, daqueles que viveram a vida com a grande dádiva da honestidade e do caráter...
Saudades eternas...
De sua  amiga,
 Lydia Lucia.

E o show esta apenas começando



São exatamente 1h30, inicio da madrugada e meu celular grita... É Charlene do outro lado da linha indignada...

... Acorda que o babado é dos bons... O povo da tv plim plim gongou o  Tadeu Garcia, foi dado uma ordem pelo soberano da plim plim, que na emissora dele não se fala em Garantido. 

Eu, tranquilamente disse: lindinha respira, e fala pausadamente, (lembrando para a fofa que estamos em fuso horário diferente). Por favor, comece do começo Charlene.

 Vamos lá... Os dirigentes dos bois Garantido e Caprichoso, no ápice do delírio megalomaníaco de poder e decisão, fecharam a transmissão de suas apresentações com emissoras diferentes. Amiga diga lá, isso não é uma INVENÇÃO daquelas? Com certeza vai virar lenda na ilha. Por tanto, a disputa na ARENA, motivo real da existência das duas associações folclóricas, esta nas ruas, e nas cabeças de quem ouviu o galo cantar, mas não sabe bem aonde.

E existe briga entre as emissoras?

 Segundo, as boas línguas as emissoras responsáveis em manter o seu telespectador bem informado, atualizado seduzido a continuar cliente, tomaram partido mesmo, tipo assim: aqui só vamos falar de G, e aqui só vamos falar de C. Fala sério, isso é democracia? Agora sei que faz sentido um artigo que li em um blog: PELA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA RETIRA-SE PODER A MUITOS PARA O DAR A POUCOS.

 E a cultura? O folclore? Esses não são os verdadeiros motivos da divulgação do festival?

 Sei lá! a cultura, o folclore, a vontade do povo, e tudo mais devem estar descritos no contrato entregue aos patrocinadores. Lembra? Patrocinadores? Aquelas pessoas que compram argumentos culturais e dão dinheiro, e ficam lindos com IRRF, pois é...

 E o Tadeu Garcia?

 Minha total vergonha... Responde-me como um poeta, defensor da nossa cultural é barrado no baile, na sua própria praia? Como ousam falar da cultura amazonense sem citar pelo menos um verso do Tadeuzinho? 

Kkkk (gargalhando, quase morrendo de rir) Tadeuzinho? Você esta mesmo furiosa. Mas concordo com você, desconhecer um artista da envergadura do Tadeu Garcia, não pode. Essa emissora esta no mínimo na contramão da cultura amazonense, e não reconhece as pessoas que levam essa bandeira cultural amazonense na alma, que elevam a nossa autoestima com tanta classe, que nos tornamos íntimas, produtos de sua arte. E o que você vai fazer agora?

Estou degustando a informação. Pretendo levar uma faixa para a frente da emissora castradora de talentos regionais, como os dizeres: “ Deixa estar jacaré um dia a lagoa vai secar, e quero ver aonde jacaré vai nadar” ou seja, o contrato de transmissão tem dia e hora para começar e terminar, mas a programação da tv precisa continuar. E ai? quero ver pautas regionais, pautas culturais sem falar em GARANTIDO.