03 de dezembro: o LUAU


Estou me preparando para as minhas provas de fim de ano, e Charlene Duvallier me liga desesperada ...

Lydia Lucia, você sabe o que é um LUAU?

Fui é claro procurar nos lugares mais fáceis e passei duas horas respondendo a perguntas desconexas como lua no céu, fases lunares, praias de Manaus, Parque 10 de novembro, tradição de boi na rua.. lá pelas tantas ela me envia um email com o seguinte texto...

Segundo o resumo de fontes “confiáveis” como Google e Wikipédia, luau é uma festa com fogueira, comidas típicas, bebidas quentes ,lua no céu (03.12 é lua crescente) pelo menos isso, e outras coisas para deixar o povo leve e solto, realizada no começo da noite, ao som de música e alegria. Mas tem um elemento que me chama atenção: “PRAIA”. Isso mesmo, praia... luau é sempre muito ligado a uma praia como cenário para a sua realização.

Aí, meus amigos, é que vem a novidade... O boi contrário, sem saída para a sua costumeira falta de criatividade, inventa um LUAU na Tacacaria Parintins, no Parque Dez – zona sul da cidade de Manaus – um local até bem arborizado, até bem localizado, mas URBANO...
E eu fico assim, com cara de lesa... É assim que vamos manter nossas tradições? Ou é assim que vamos começar as nossas perdições culturais?...

Diante do exposto, não resta a menor dúvida sobre o bom gosto atrelado a coerência dos coordenadores do Boi Bumbá Garantido. Realizar uma Alvorada do nosso Boi em Manaus foi com certeza uma grande sacada, principalmente ao proporcionar um alivio na saudade de quem vive e participa da Alvorada em Parintins, e mostrar a verdadeira brincadeira do boi de rua aos mais novos.

Brincar de boi pelas ruas é a memória ancestral de quem brinca boi há 100 anos. Certo? Certíssimo.
Pois eu sei que, no próximo ano, o boi invejoso vai fazer a sua alvorada... Faz, copia, imita, mas vai atrás da referência certa... Luau é de praia... coisa de havaiano... Vai, boi contrário, pelo menos copia a coisa certa, né?

Publiquei na integra o email da coleguinha, e vou logo avisando: Encaminharei todos os emails  malcriados para a dita cuja.

O céu de Karina

Por Dulce Gusmão

Foi Céu quem apontou: Karina Buhr merece ser citada como uma das melhores de seu tempo. Para Céu, ela mesma uma das expoentes dos novos talentos da MPB, Karina surpreendeu em seu primeiro trabalho solo - nas letras e na música.
Diante da declaração, fui conferir esta realidade que chegou em tempo farto. Além de Céu, nossa abundância hoje se chama Tulipa Ruiz, Tiê, Mariana Aydar, Anelis Assumpção, Thalma de Freitas, Nina Becker, todas compositoras e cantoras de talento.
Então quem é essa Karina que, entre tantas, surpreende? Por que surpreende?















Fiz uma vídeo-pesquisa e assenti: Karina é única. Percussionista, atriz, performer, poeta, artista plástica e compositora, sua multiplicidade – a gente conhece bem - não podia dar em outra coisa: Luxo. Lux. Fogo puro. Com o auxílio iluminado de Karina, sobra vontade para dançar – livre – vontade para ouvir – inadvertidamente –vontade para cantar – música que gruda e toca – sem tocar no rádio.

Karina começa em Pernambuco - é filha de Naná, neta de Chico Science, bisneta de Salu - e termina no mundo, onde é comadre de Arnaldo Antunes, irmã de Itamar Assumpção e colega de quarto de David Byrne. No Comadre Fulozinha fez do manguebeat sua praia, no Oficina fez das Bacantes sua sala de estar, no primeiro trabalho solo liquidificou e escorreu toda essa diversidade possível – e improvável - no palco, para surpresa e deleite de todos os que amam música e arte.

O que nunca, nunca, nunca imaginei era que tudo isso viesse para ficar. Pensei, sinceramente, pensei, que Karina seria como muitos que vemos por aí: jamais conseguiria superar o surto criativo do primeiro excelente trabalho. Pensei, sinceramente, pensei, que Vira Pó seria insuperável, assim como o grude de Plástico Bolha e a sinceridade desconcertante de Eu Menti pra Você1.

Mas, a experiência sonora do novo trabalho – Longe de Onde – me fez lembrar que o diverso, o múltiplo, o poli, é sempre o mais resistente. É verdade: o novo álbum de Karina vai além. Como uma floresta de músicodiversidade e pulsante riqueza, há tudo de todo tipo para todos, tonalizado pelas guitarras de Edgar Scandurra e Catatau2. Nossos sentidos passam, úmidos e calientes, por sopros de ciranda, por um reggae, um brega romântico, surf music e punk rock, bem acompanhados pelas mesmas letras agudas, riqueza de discurso, célebre poesia de voz surpreendentemente macia3.
Inclassificável, resoluta – inoxidável mesmo –, parafraseando um radialista de Quixeramobim, Karina me obriga a não perder sua performance de lançamento do novo álbum no dia 27 de Janeiro, no Teatro Guararapes, aqui em Recife.


Notas
1 Com esse sotaque, eu anseio em ser má e mentir pra você...
2 Ora direis! Ouvir estas guitarras!
3 Vi Karina na Virada Cultural de Recife. Voz macia contrasta com a performance de palco de deixar Arnaldo Antunes e Zé Celso de queixo caído!

Vídeos
Para baixar e saber mais sobre o novo álbum e shows acesse:
http://www.karinabuhr.com.br/
http://www.youtube.com/watch?v=-wAffc_unUE

Para saber bem mais sobre Karina:
http://www.youtube.com/watch?v=bg7sbYIRXjo