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Charlene e a ressaca do Centenário




Fofa, adorei a vitória do Garantido no Centenário. Aliás, o nosso Boi Garantido só existe para vencer do contrário (ponto).

Centenário bom é o que tem muitos babados e o que não faltou em Parintins foi confusão, acontecimentos escandalosos, mentiras, fatos e boatos.

Nem vou entrar nessa seara, mas posso afirmar que o nível de insatisfação do lado azul é bem menor, (apesar de também ser enorme) ,do que do lado vermelho. Dizem as boas línguas que a prestação de contas 2013 do Garantido merece uma manifestação na cidade Garantido.  Vamos?

Enquanto isso, o número de presidenciáveis continua crescendo e começam a rolar as alianças de ouro, prata e até Michelin. Só lembro aos candidatos que, no Garantido, perdeu a eleição tá fora do game, fora mesmo... Basta conferir nos anais da associação o item “os excluídos”.

Alguns vultos povoaram a arena do centenário e a organização do Garantido parecia um corpo sem cabeça, os membros se debatendo em todas as direções. E na somatória das notas, eu nunca entendo como o cara é convidado para julgar e sua nota é descartada... Mas como é assim que acontece, deixa estar.

O bloco musical do Garantido perdeu na primeira noite (C 139,8 e G 139,2), a noite dos cinco minutos decisivos, revolucionários.  Toada, letra e musica perdeu na mesma noite (C 20,0 e G 19,7), o que confirmou a profecia: a toada escolhida para disputar este item na primeira noite não agradou nem a gregos e nem a troianos.

E o item 19?  Aquele povo esquisito que chega na noite anterior na fila, pega sol, chuva e é sem moral na diretoria do boi, não sai em capa de revista nem nas colunas sociais e não viaja para o exterior, mas na hora de decidir, sempre faz bonito, desce das arquibancadas, vai para arena e arrebenta?

Mais uma vez mostra a força da união, a garra de ser perreché, sem morar necessariamente na Baixa, sem ter sobrenome famoso, sem herança genética Tupinambá, mas que assume o seu amor incondicional pelo Boi Garantido, e continua ali no seu cantinho, sem água, sem comida, sem viagem de avião, sem lugar pra dormir, só com a certeza do amor pelo boi... o Item 19 é a cara do Garantido!

Imagina se eles decidem engrossar aquela manifestação?

Charlene, íntima dos coiotes


por Charlene Duvallier

Sempre ouvi falar que “coragem não é fome que dá em todo mundo” e eu tenho fome e coragem.

No Garantido, algumas figuras lendárias assombram os associados mais atentos, tipo: o mapinguari – lendário, enigmático, que quando vai pra frente na realidade está andando para trás, e com um olhar fulminante paralisa não só os inimigos, mas os “amigos” rastejantes também.

Outras figuras renascem do submundo, os itens “em extinção”, perigosos, pois vivem no mundo do “eu já fui e eu já fiz”.

Mas, existem categorias novas e ascendentes, tipo: Lady Keith, a que tem dinheiro novo, mas falta o glamour; Valdirene, aquela que precisa aparecer a todo custo e que tem a inteligência pura, ou seja, o boi não acontece sem o seu dedo de Midas; e uma personagem peculiar, a “Semdinheiro”, que vive na cola dos poderosos e é a amiga mais próxima de todos, sem exceção.

Enquanto isso, na arena, onde eu não perco nada, acontece a mais perfeita representação do Centenário. Abrindo os trabalhos na área reservada à imprensa, um “bunito” olheiro do lado azul se infiltra na área do Garantido e sai vermelho de tanto cascudo. Olha já!!! Não saiu do A na técnica de espionagem e já quer sentar na janela.

Uma cena me lembrou das historias da vovó Gigi, que conta a vez em que o Garantido entrou com uma ave gigante e, logo na entrada, a alegoria quebrou a asa... O apresentador, pávulo e se garantindo, não perdeu o rebolado: chamou a atenção para o incidente dizendo que caçadores cruéis tinham dado um tiro no pássaro. Ontem na arena, no inicio da evolução da sinhazinha, o vestido despencou, e como a genética da moça é boa, ela evoluiu segurando o lado direito da saia o tempo todo. Isso é comprometimento! Isso é Garantido!

Mais uma vez, a galera desceu da arquibancada e foi para arena... Enlouquecida, ligada em 220V... Será que é por isso que os bumbás deixam a galera fritando no sol de 40 graus em Parintins? Aliás, aqui existe um sol particular para cada visitante, marcando no corpo a corpo por toda ilha.

 E falando em ilha, os moradores dizem que o novo Bumbódromo está dentro de um curral, pois é tanta cerca que fica difícil saber o que é cidade livre.

Mudando radicalmente de assunto, meu querido Vandir Santos está bem, voltou ao trabalho, mesmo depois de um motoqueiro maluco atropelá-lo, deixando-o hospitalizado por 24h. Mano, maninho, quer matar alguém, por favor, não escolhe os artistas do Boi não, pega esses aventureiros no Boi, mas artista não!

Charlene não tem jeito... Critica até mesmo quando gosta!


Minha “picorucha” Charlene Duvallier não pode comparecer à coletiva, logo, tive que explicar tudo da forma mais resumida possível, pois a tagarela faz um verdadeiro interrogatório policial... Bom, Charlene, a  palavra de ordem na coletiva  de imprensa do garantido foi PLANEJAMENTO, e isso faz a diferença na apresentação do Boi Bumbá Garantido, ajudando a diminuir os riscos da improvisação.

Em um clima de descontração, o presidente da comissão de artes, Fred Góes relembra uma citação antiga da família Góes: “Boi não é  para muito novo nem muito velho. Se for muito novo pira e se for muito velho morre”, ilustrando quão séria deve ser a administração do boi, uma entidade sem fins lucrativos.

Em tom de desabafo, o presidente do Garantido,  Telo  Pinto, afirmou: o Garantido entra na arena com um gasto de cinco milhões e setecentos mil mas não posso dizer que  esse será o valor real  no final do Festival.  Completando, em muito, o sentido das palavras de Fred.

Ainda durante a coletiva, a diretoria do Garantido conversou sobre as três apresentações.  No ano do Centenário, o boi vai para arena com foco na sua própria história. Bom o melhor é esperar, ver e conferir.

Charlene, incansável, não se contenta. Diz que a minha narrativa é fria, sem emoção. Que ela nunca mais vai me deixar ir pra uma coletiva sozinha. Que não acredita que não teve nenhum barraco e diz que é impossível que uma coletiva do Garantido seja tão sem graça assim! Onde estão os atrasos, a desorganização, metade do povo pra lá e a outra metade pra cá, sem saber onde é realmente o evento?
Cansada, só confirmei que foi tudo como ela descreve, como quase sempre. Depois de uma gargalhada, ela continua a tortura.

Mas, sabedora que tortura é crime, ela agora começa a sua narrativa ininterrupta da primeira noite do Boi Bumbá Garantido.

Sinceramente, fofa, eu esperava um pouco mais de tudo, da coisa impactante dos primeiros cinco minutos, de ver na arena o Bairro de São José, a cara do Lindolfo curumim em alguma alegoria, de ver Parintins na arena.

Ficou difícil a vida do povo da imprensa para fazer imagens dos itens do Garantido. Fica todo mundo colado em um só ponto, não sei por que, pois a arena é gigante e o Garantido fez uma apresentação limpa, sem poluição visual, boa de fazer fotos lindas, mas... Fazer o que, comunicação é uma arte ainda a ser descoberta pelo nosso boi.

Para a primeira noite, achei que o boi Garantido teve uma tensão controlada, não vi o corre-corre na arena e isso foi ótimo. E o Telo ainda é o diretor de arena, sabia? Clemilton Pinto é estagiário.

Charlene, você não gostou de nada?

Gostei de muita coisa, mas principalmente da galera e, é claro, do Israel Paulain, que a cada ano fica mais lindo, mais perfeito, menino de ouro, como diria minha mãe. E você?

Eu gostei do que pode ser visto de acabamento, da linguagem, do clima na arena, de ver o Jairzinho Mendes mostrando o seu trabalho, de ouvir o nosso pajé fazendo o ritual. É complicado ver de uma forma técnica quando você é envolvida emocionalmente. Toda vez que a galera era acionada, eu chorava, lembrando de uma senhora que ficou na fila desde às 7 da noite de quinta-feira para ser o item 19, para tirar nota 10.

E a língua ferina não perdeu o rebolado... Nossa diretoria devia era pensar nessa nossa galera linda sempre! Destinar uma  pequena quantia do repasse e investir em mais adereços, usar a criatividade dos artistas e realmente fazer o item 19 aparecer no espetáculo e não ser somente um socorro quando a arena fica devagar. Mas essa não é a realidade, ou é?

Mudei de assunto rapidamente. Charlene você viu a apresentação do contrário?

Só o começo, mas adorei ouvir o levantador de toadas do lado de lá chamando o seu boi pra comer o sal, sem lembrar do Jo..ton, que completava a rima com coisas que você não vai poder escrever nesse respeitado blog. 

Bafo amiga, ela continuou: muita gente em Parintins se esqueceu de mudar de canal para ver o contrário... Hábito de ver tudo junto sempre... Que ratada dessa diretoria do contrário, hein? Mas vamos aguardar a segunda noite de espetáculo.

Charlene, horas antes do Festival





Frenéticas,angustiantes, TENSAS. É assim que Charlene me define as 24 horas que antecedem o 48o.Festival Folclórico de Parintins. Acelerada, com a metralhadora ligada no automático ela, como sempre, dispara:

Gente confusa é esse povo que nunca comeu melado e quando come se lambuza. Foi literalmente o que aconteceu com a coordenação de credenciamento do Festival. Saiu limando os dinossauros da imprensa amazonense, aquele povo que trabalhou na divulgação do espetáculo desde os tempos do Tablado e, hoje, na reinaguraçao do bumbódromo, cem anos dos bumbás, teve seus pedidos de credenciamento INDEFERIDOS. E sem direito de apelação.

Nestas muitas, diversas mudanças no Festival que mexem de maneira diferente com cada um dos atores, alguns egos ficam maiores, e muitos precisam ter seus nomes inscritos em letras douradas. Eu, euzinha, sem a mínima paciência, fico com vontade de gritar na cara destes: Ei povinho desavisado, nós não adoramos o bezerro dourado não, brincamos com um boi de pano mesmo. Ufa!!!

A história do centenário da família Monte Verde

por/ Magaly Monte Verde
A História contada por quem conheceu e viveu com Lindolfo: FAMÍLIA MONTE VERDE.



Vamos voltar ao passado e conhecer um pouco mais sobre Lindolfo Monte Verde.
Meu avô nasceu em Parintins no dia 02 de Janeiro de 1902, foi batizado aos 2 meses de idade na religião católica, por  Raimundo Nina e Dona Judith, com o nome de LINDOLFO MONTE VERDE DA SILVA.

Aos 5(cinco)anos começou a frequentar a escola e no mesmo período,  teve inicio suas aulas de catecismo com a professora Beatriz Maranhão. Esperto, ficava atento a tudo e com 6(seis)anos sua diversão era contar histórias de uma maneira muito especial, imitando os contadores das histórias, seu personagem  preferido era a seu avô  Alexandre , e sua historia preferida era a brincadeira de bumbá meu boi, lá do Nordeste.  A plateia atenta era seus amigos fieis: Raimundo e José Maria Talismã, Didimo e Higino Passarinho, Amâncio Rolim, Raul Prata e outros...

O menino Lindolfo era companhia constate de sua mãe dona Alexandrina, parteira respeitada na ilha, aos atendimentos às gravidas, e em uma visita com sua mãe à comunidade do ANINGA, onde ela iria ajudar a realizar um parto, e no local estava tendo uma apresentação de boi onde os mais velhos da comunidade estavam  fazendo uma roda de versos. Nessa ocasião o menino Lindolfo de 11(onze) anos, foi desafiado pelos cantores mais velhos a colocar um verso na roda de cantorias, e ele mais do que depressa versou cantando: Senhora dona da casa, eeee bote lenha na fogueira eeee, Senhora dona da casa, bote lenha na fogueira e desculpe a confiança de mandar em casa alheia, e desculpe a confiança de mandar em casa alheira... (verso de Lindolfo).

Ao sair da comunidade, Lindolfo  decidiu que iria brincar de boi como seu avô contava, saindo às ruas, chamando as pessoas pra brincar com ele. E aos 11(onze) anos de idade em 1913, Lindolfo ainda criança chegou com sua mãe Alexandrina e disse que iria botar o seu boi pra brincar nas ruas da cidade, e ela disse: mais você ainda és muito pequeno e por outro lado não garante em dar conta do teu boi, Lindolfo meio confuso mais certo de sua missão virou e disse a sua mãe, eu garanto sim! E como prova disso o meu BOI se chamará GARANTIDO. Sua mãe vendo tanto interesse, no menino passou ser a maior incentivadora de sua brincadeira, pois foi ela quem confeccionou as primeiras fantasias do boi de seu filho.

A construção do primeiro boi.

Lindolfo adquiriu na fazenda de seu avô Alexandre, um Curuatá isso foi o suficiente para que dona Alexandrina (Dona Xanda) tivesse a certeza de que o menino não ia esquecer aquela ideia de brincar de boi, e ajudou o filho com o curuatá, fizeram um furo em cima e colocaram uma forquilha de madeira enfeitaram de papel crepom e bastante tiras de fitas para dar um colorido sobre o curuatá, colocaram um pano branco onde enfeitavam com papel. Então estava pronto o boi de curuatá de Lindolfo que saia às ruas de Parintins, alegrando não só as crianças mais os adultos que riam e aplaudiam aquela molecada alegre.

Lindolfo mesmo fazia o seu boizinho e ensinava os amigos a dançarem de baixo do boi, ele também fazia os próprios instrumentos os chocalhos, palminhas, tambores de latas etc. e assim Lindolfo e seus amigos levavam o seu boizinho para dançar de casa em casa todos os sábados.

Alguns dos primeiros Versos de Lindolfo.

O meu boi surgiu agora!
Minha morena não chora!
Eu canto no São José
Com a Garotada de Fé
Este é meu Boi Garantido
E valente e destemido
Veio alegrar a cidade
Sacudindo a mocidade
Saudando um povo humilde
E também as autoridades.
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Sapateia Garantido como eu mandei te ensinar,
Brinca brinca boi bonito para o povo apreciar.
Sapateia Garantido, como eu mandei te ensinar,
Brinca, brinca boi bonito campeão deste lugar.
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Plantei o cravo na baixa, dei pra Maroca tratar,
Maroca por ser ingrata deixou o cravo secar
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Passarinho tico tico, quando chove não se molha,
Onde tem mulher bonita para as feias nem se olha.

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Macaquinho do outro lado comedor de mururé,
Não sei o que tem no meu olho que eu não posso ver mulher.
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Magaly Monte Verde, neta de Lindolfo Monte Verde
Pós Graduada em Turismo
Proprietária da Agência de viagens TUDECOR/Brasília