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A história do centenário da família Monte Verde

por/ Magaly Monte Verde
A História contada por quem conheceu e viveu com Lindolfo: FAMÍLIA MONTE VERDE.



Vamos voltar ao passado e conhecer um pouco mais sobre Lindolfo Monte Verde.
Meu avô nasceu em Parintins no dia 02 de Janeiro de 1902, foi batizado aos 2 meses de idade na religião católica, por  Raimundo Nina e Dona Judith, com o nome de LINDOLFO MONTE VERDE DA SILVA.

Aos 5(cinco)anos começou a frequentar a escola e no mesmo período,  teve inicio suas aulas de catecismo com a professora Beatriz Maranhão. Esperto, ficava atento a tudo e com 6(seis)anos sua diversão era contar histórias de uma maneira muito especial, imitando os contadores das histórias, seu personagem  preferido era a seu avô  Alexandre , e sua historia preferida era a brincadeira de bumbá meu boi, lá do Nordeste.  A plateia atenta era seus amigos fieis: Raimundo e José Maria Talismã, Didimo e Higino Passarinho, Amâncio Rolim, Raul Prata e outros...

O menino Lindolfo era companhia constate de sua mãe dona Alexandrina, parteira respeitada na ilha, aos atendimentos às gravidas, e em uma visita com sua mãe à comunidade do ANINGA, onde ela iria ajudar a realizar um parto, e no local estava tendo uma apresentação de boi onde os mais velhos da comunidade estavam  fazendo uma roda de versos. Nessa ocasião o menino Lindolfo de 11(onze) anos, foi desafiado pelos cantores mais velhos a colocar um verso na roda de cantorias, e ele mais do que depressa versou cantando: Senhora dona da casa, eeee bote lenha na fogueira eeee, Senhora dona da casa, bote lenha na fogueira e desculpe a confiança de mandar em casa alheia, e desculpe a confiança de mandar em casa alheira... (verso de Lindolfo).

Ao sair da comunidade, Lindolfo  decidiu que iria brincar de boi como seu avô contava, saindo às ruas, chamando as pessoas pra brincar com ele. E aos 11(onze) anos de idade em 1913, Lindolfo ainda criança chegou com sua mãe Alexandrina e disse que iria botar o seu boi pra brincar nas ruas da cidade, e ela disse: mais você ainda és muito pequeno e por outro lado não garante em dar conta do teu boi, Lindolfo meio confuso mais certo de sua missão virou e disse a sua mãe, eu garanto sim! E como prova disso o meu BOI se chamará GARANTIDO. Sua mãe vendo tanto interesse, no menino passou ser a maior incentivadora de sua brincadeira, pois foi ela quem confeccionou as primeiras fantasias do boi de seu filho.

A construção do primeiro boi.

Lindolfo adquiriu na fazenda de seu avô Alexandre, um Curuatá isso foi o suficiente para que dona Alexandrina (Dona Xanda) tivesse a certeza de que o menino não ia esquecer aquela ideia de brincar de boi, e ajudou o filho com o curuatá, fizeram um furo em cima e colocaram uma forquilha de madeira enfeitaram de papel crepom e bastante tiras de fitas para dar um colorido sobre o curuatá, colocaram um pano branco onde enfeitavam com papel. Então estava pronto o boi de curuatá de Lindolfo que saia às ruas de Parintins, alegrando não só as crianças mais os adultos que riam e aplaudiam aquela molecada alegre.

Lindolfo mesmo fazia o seu boizinho e ensinava os amigos a dançarem de baixo do boi, ele também fazia os próprios instrumentos os chocalhos, palminhas, tambores de latas etc. e assim Lindolfo e seus amigos levavam o seu boizinho para dançar de casa em casa todos os sábados.

Alguns dos primeiros Versos de Lindolfo.

O meu boi surgiu agora!
Minha morena não chora!
Eu canto no São José
Com a Garotada de Fé
Este é meu Boi Garantido
E valente e destemido
Veio alegrar a cidade
Sacudindo a mocidade
Saudando um povo humilde
E também as autoridades.
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Sapateia Garantido como eu mandei te ensinar,
Brinca brinca boi bonito para o povo apreciar.
Sapateia Garantido, como eu mandei te ensinar,
Brinca, brinca boi bonito campeão deste lugar.
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Plantei o cravo na baixa, dei pra Maroca tratar,
Maroca por ser ingrata deixou o cravo secar
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Passarinho tico tico, quando chove não se molha,
Onde tem mulher bonita para as feias nem se olha.

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Macaquinho do outro lado comedor de mururé,
Não sei o que tem no meu olho que eu não posso ver mulher.
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Magaly Monte Verde, neta de Lindolfo Monte Verde
Pós Graduada em Turismo
Proprietária da Agência de viagens TUDECOR/Brasília