Em uma conversa muito interessante
com Charlene Duvallier, ela me questiona sobre memórias do povo Garantido.
E Charlene começa a sabatina: Fofa
como é que você consegue ficar séria quando esses doutores em Garantido jogam
suas teorias históricas pra você?
Charlene, para início de
conversa, quem são os doutores em
Garantido?
Minha debochada amiga cai na
gargalhada... São aquelas pessoas que a farinha cria ( rsrsr) . O povo (após a
vírgula) que chegou hoje, já sentou na janela, e sai por aí reproduzindo as
histórias que ouvem nas esquinas, nos mercados, nas salas com ar condicionado e
falam como se tivessem vivido o fato.
Eu, completamente boba, argumento:
Mas o que tem isso de errado?
Charlene irônica, responde: nada...
Se o telefone sem fio (aquele da época do Lindolfo) não fosse o instrumento da
comunicação...
Ainda mais alesada, eu indago... Qual é o telefone do Lindolfo?
Muito paciente, Charlene Duvallier,
explica: Lembras quando dizíamos uma frase no inicio da brincadeira e o último
da fila tinha que reproduzir o que foi dito? Nunca, jamais, o que foi dito pelo
primeiro foi dito pelo último, ou seja, quem conta um CONTO aumenta um PONTO.
Ahhhh! Entedi... Estava pensando que
era outra coisa, que, os doutores em
Garantido, esse povo após a vírgula, seriam aqueles que puxam saco, exageram
nos elogios, na intimidade e caem no ridículo constantemente.
Charlene grita. Esses também!
Não sei se tem muito a ver com o que você esta falando, mas sei
que as pessoas forçando uma simpatia, ou inteligência em areia movediça, caem
em cada roubada que vou contar , aconteceu comigo um fato curioso, um exemplo
clássico quando a pessoas senta na
janela sem saber a direção do sol
“Na época em eu fui produtora de um programa de
televisão, fomos a Parintins para cobertura do Festival em mil novecentos e
bolinhas. Uma repórter da equipe, nova na profissão, foi escalada para fazer
matérias lá no Garantido. Batendo a
pauta com ela eu disse: Amiga, você vai, entrevista a esposa do novo presidente
do Garantido, ela é uma senhora, muito séria, fala pouco, e não esta acostumada
com entrevistas, portanto, faça perguntas fechadas, pois essa senhora é
conhecida por não ter muita paciência.”
Buscando criar uma diplomacia e
educação, a repórter abriu a entrevista com a seguinte frase: Estamos aqui com
a primeira dama do boi (dona...)
A entrevistada nem esperou o seu nome
ser pronunciado, foi logo dando uma voadeira verbal na repórter: Tá me chamando
de VACA? Pois a mulher do boi é a vaca, e esse não é o meu marido.
Todo mundo cho - ca - do...
Gargalhada presa na garganta... Repórter nem desculpas conseguia pedir, olhava
direto pra baixo... Voltamos para a base, calados o caminho todo.
Em silêncio, eu dizia para as minhas
penas do cabelo... Eu avisei, não vai inventar moda, criar títulos, menções,
brincadeiras... Pedi pra você fazer somente o óbvio, assim o risco de errar
seria muito menor e teríamos a nossa pauta.
Olhei pra Charlene que estava
gritando de rir... E pela primeira vez, eu Lydia Lucia encerrei a conversa.
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