Engolindo Sapos




Estou muito gripada e Charlene Duvallier me liga aflita.

Fofa, porque o povo que é sócio de uma determinada associação reclama de tudo na esquina e fica mudo nas assembleias?

Minha cabeça dá voltas e mais voltas... Fico com vontade de ser malcriada, mas sei que vou ouvir coisas terríveis dessa boca suja... Tento respirar e ganhar um pouco de tempo para processar a resposta...

Tem gente que se acostumou a falar baixinho, pelas esquinas, nos WhatsApps, Messengers,  da vida, por ter medo de ser rechaçada pelos donos do Boi.

Como assim? A associação somos todos nós.

Diretoria é cargo temporário, o associado é para sempre.

E Charlene continua...

Esse povo que fica em cima do muro, e faz parte do grupo das carpideiras é muito pior que puxa saco, pelo menos, os puxas a gente sabe quem são, a baba escorre pelo canto da boca.

Não me importo com a cara de pau de uns e outros, o que me incomoda é a leseira de algumas pessoas “inteligentes”... Vê-las cometendo os mesmo erros dos outros, que elas criticavam antes.

Só lembrando que: quem engole muito sapo, vai ter SAPOLITE, vai morar na lagoa, e ficar com chulé (sapo não lava o pé)... Vomite seus sapos, cuspa mesmo, diga onde dói, porque dói e como dói... Alias você é a Associação e a Associação é você.

E Charlene, antes de desligar, sussurra ao meu ouvido:  O simples me faz rir, o complicado me aborrece.

OBS.: acesse facebook.com/Charlene-Duvallier

Naná Vasconcelos...TU MARACA!



“Há coisas que nunca se poderão explicar por palavras”  José Saramago

Em 2012, fiz um vídeo com Naná Vasconcelos, não sou muito de idolatrias, mas fiquei em êxtase com a simplicidade do percussionista. 

Ávida de conhecimento, curiosa por tudo e por todos, entrei sem bater no  camarim em que estava o musico pernambucano, ainda na preparação para os ensaios no Parque Dona  Lindu.

Concedeu a entrevista, me convidou para ir ao palco e dançou para mim...
Choro, a perda de um belo homem que me olhou, não me viu estrangeira, abraçou-me com o seu melhor, com o seu maior ORGULHO: a cultura pernambucana. Mas Naná há muito não representava somente a cultura pernambucana. É óbvio que sua regência dos batuques dos maracatus na abertura do carnaval do Recife é impagável na memória de quem viu.

Naná é percussionista respeitado e premiado no mundo inteiro. E é percussionista ímpar na música brasileira e tem parcerias e trabalhos com a maioria dos nossos grandes músicos. Ou seja, tristeza para quem fica, mas festa de címbalos no céu!

Charlene, DIFERENTONA!

Charlene me liga pela manhã e estava tranquila... Pasmem! Tranquila, sem gritos ou gargalhadas sonoras.
Fiquei bege, sem fala, e perguntei:  amadinha, você esta bem?
Claro! A estadia na Europa mudou a minha vida. (Charlene está fazendo mestrado em Humanidades e Ciências Sociais). Mas, sua curiosidade continua girando em torno de sua eterna paixão:  o Boi Garantido. E como está o povo do nosso Campeão?
Aimmmmm ... Preguiça de falar muito, pois as mudanças foram de 360 graus e da cabeça aos dedinhos dos pés...
Eu sabia, tinha certeza que você continuaria escorregadia, ela diz... Mas vou refrescar sua memória, pois eu acesso o feicibuque diariamente:
O resultado do Festival Folclórico de Parintins continua o mesmo:  boi CONTRÁRIO CAMPEÃO! “Prática” supostamente usada para essa vitória caiu na máxima popular: os fins justificam os meios.
O Presis encarnado fez mudança na cabeça do Garantido (na Comissão de Artes) e saíram sete, e entraram dois... Matemática muito doida, mas...
Foi criada uma instância no mínimo curiosa na administração do boi da baixa:  a estandibai (stand by), ou seja, você não esta fora (questões politicas), mas também não está dentro. Fica na geladeira, até o c.u.  gelado pedir pra sair. 
Parafraseando o grande poeta e teu amor incondicional Vinicius de Moraes: Há dias que eu não sei o que me passa... Aí pergunto a Deus: Escute, amigo.  Se  foi pra desfazer, por que é que fez?
Charlene deixa cair a máscara europeia e grita: e aí DIFERENTONA? Ainda está na linha? Vai perguntar?

Só eu estou na geladeira?
É. Só tu... Filha preferida de Dona Xanda.
Último gole da perreché no bar do Enrola.
Palminha da Coxachata.
Último toque do tambor do Porrotó.
Inspiração das historias do Dedé Machão.
Pacu frito do bar da Mariona.
Ultima porção de piracuí na baixa.

E, Charlene grita antes de desligar: Te liga, estou atenta, sempre!
Mais uma vez, minha preferida, me deixa pensativa.