Charlene me liga, chorosa, e diz baixinho:
Me diz
logo, isso é pesadelo? Emerson Maia no boi contrário?
Tentado buscar palavras para que eu mesma aceite,
respondo:
Algumas feridas doem mais, e essa “passagem” do Emerson
Maia pelo boi contrário vai doer o tempo da permanência.
Somos torcedores loucos e apaixonados, amamos cada peça
desse quebra-cabeça chamado Boi Garantido. Amamos cada um dos ídolos criados e
amados por nós e, por isso, esquecemos que são SERES HUMANOS, reais, complexos
e individuais.
Charlene grita: Sério, você vai começar a filosofar?!?
A nossa referencia cultural é nossa tradição, bebemos em
fontes limpas e seguras... Somos o boi que tem Pai, tem berço, tem CEP. Não me
venha justificar com palavras bem desenhadas a perda de nosso eterno poeta,
amo, o nosso gigante Emerson Maia!
Charlene Duvallier, eu não tenho a arrogância, muito
menos prepotência, de tentar justificar nada, absolutamente nada. Minha opinião
é a única coisa que me pertence.
Por isso, em minha opinião, essa é decisão pessoal do
Emerson, só cabe a ele explicar ou não.
Charlene resmunga antes de desligar: Avisa pro povo da CG
que não é assim que se brinca de boi, tem que rever o que é prioridade... O
Garantido é referência pela qualidade dos seus artistas... Na cultura popular,
a referência são os mestres, não os acadêmicos.
E, como de praxe, desligou na minha cara...