Acordando com a minha memória recente na noite de ontem, fora da cena televisiva, em um ambiente vazio (sem o grande público)) a voz de Márcia Siqueira rompendo o silêncio.
Sair de minha zona de conforto, foi
quase um trabalho para guindaste. Faz um
bom tempo que não vou para os bastidores com a turma da graxa, executar a minha
concepção de espetáculo, normalmente, sou a que planeja, que visualiza os
detalhes (no papel) que escreve os planos de A -a- Z com as infinitas
possibilidades de acertos, mas não venho executando produção.
Quando recebi a proposta de produzir
a live, de fato, ir para execução, pulei de alegria... é a Márcia Siqueira,
artista com todos os significados atualizados da luta das mulheres de cultura
como eu. Topei de cara e disse: Eu
vou!!!
A proposta inicial era comemorar 24
anos, na área musical do Garantido... eu via além, eu via 24 anos derrubando
códigos estruturados, em uma sociedade culturalmente machista, por todas as
falas que ouvi, sempre, nos corredores bovinos... a voz feminina não combina
com toadas, a voz de uma mulher não casa com toada de ritual, mulher só é legal
no backvocal ... e por aí vai...
Minha proposta era: uma live clim;
Márcia em primeiro plano; em destaque; versátil; delicada; e segura. E foi... a eclética artista, dominou o palco,
linda, no salto, de vermelho, maquiada, sorrisão na cara e empoderada, conduziu
sua live do início ao fim, brincou de boi, recebeu os amigos, compartilhou memórias,
reverenciou ídolos, dividiu a alegria em ser a PRIMEIRA LEVANATDORA DE TOADAS
DO FESTIVAL DE PARINTINS com o público de casa.
Márcia Siqueira, foi solidária com a
luta feminina, sororidade em alta, convocou as Batuqueiras Encarnadas para a
luta contra o silenciamento da mulher,
bradou palavras de ordem, erguendo a bandeira de luta das mulheres indígenas
que, por tanto tempo, invisibilizadas
pelo sistema.
Gratidão Márcia, por me fazer deixar
o controle remoto e vir para mundo real, gratidão Fabinho Queiroz que me
possibilitou a produção da live, mil abraços Henrique Farias (Pitty) por ficar até 03 da manhã, editando
meus caprichos, trabalhando em uma ficha técnica, que nunca entra nas lives,
mas que para mim, era essencial, pagar os créditos, nominalmente, deixar
arquivado que, produção de eventos, sempre será em equipe... Mais uma vez
Paulão, Paulão, Paulão que tem
sempre às duas mãos firmes e abertas para mim. Ricardo Pegueite, tua
humildade em ser produção, alinhar detalhes de som, iluminação, desenho de
palco em poucos minutos, foi duca... gratidão meu primo...
Hoje, o meu olhar sobre live é
completamente diferente. Não é fácil, não é simples e nunca, uma produção menor.
Live, fica melhor executada na área urbana
da cidade, em lugares tão, tão, tão, tão, tão distantes, a internet é precária
e te irrita profundamente em casa e na produção.