Por Dulce Gusmão, especial para o blog da Lydia Lucia
PS Charlene Duvallier ainda esta na Alemanha...
Não sou Charlene, mas sou fã e tenho saudades
dela!
Ouvindo toda a celeuma causada pela suposta
fraude nos resultados do 500 Festival Folclórico de Parintins –
evidenciada por gravações recheadas de pimenta ardente no monossílabo mais
tradicional dos outros entre o artista do boi Caprichoso Chico Cardoso e o sei
lá o que do mesmo boi Armando do Valle, mais alguém chamado Kid – resolvi
espantar a preguiça e escrever sobre o tema.
Principalmente, porque alguns oportunistas do
boi contrário, ao verificarem as 30 vitórias do Garantido, resolveram, a estas
alturas do campeonato do Festival, afirmar que estão perdendo fragorosamente na
contagem porque foram vítimas do mesmo esquema fraudulento e corrupto por
quinze longos e chorosos anos.
A estes oportunistas devo lembrar que:
1 1)
Antes, muito antes destes quinze anos, a diferença entre um boi
e outro era evidente. (Dos 30 títulos do Garantido, 20 aconteceram antes do ano
2000). Ou seja, o boi campeão da terra sempre foi o Garantido.
2 2)
É muito injusto comparar um boi por anos acéfalo e sem coerência
estética (ou melhor, com a coerência estética do Reino Encantado da Pequena
Sereia, do Walt Disney de Miami) com os estudos levados à Arena pela Comissão de
Artes do Boi Garantido. Se eu puxar à memória menos curta, só eu, euzinha,
lembro de episódios do boi contrário de fazer corar... Ou ninguém mais se
lembra do Ronaldinho Arlindo correndo pela arena? Ou da lenda do Cavalo Marinho
representada pelo pônei maldito roxo do comercial da Nissan? Ou de inúmeras
alegorias enormes e brilhantes, mas incoerentes? Serei eu a única a ter
memória?
3 3)
É real que Chico e Armando vestiam vermelho até o ano passado.
Mas, nestes pleiteados quinze anos de roubo, não houve nenhuma evidência de
esquema de compra de jurados relacionada ao Boi Garantido. Havia, sim, nas
derrotas do contrário, muito blá blá blá, muita acusação sem provas, muito chororô
de boi perdedor no estilo do quem tem olhos chora como quer.
4)
É bem mais evidente a cooptação (palavra feia, feia) de artistas
do Boi Garantido pelo boi contrário nestes quinze anos. Não vou enumerar sob
pena de cansar vossos olhos. Para mim, esta é a maior prova de que a arte
apresentada na arena pelo Boi Garantido foi tradicionalmente invejada e legalmente
surrupiada pelo boi contrário. Chico Cardoso e Júnior de Souza são somente dois
(dos últimos) exemplos de peso.
5)
Assim sendo, imaginando que este esquema do Caprichoso,
supostamente evidenciado nesta edição do Festival, tenha sido protagonizado
pelo Garantido no passado, como saber quais edições foram efetivamente burladas,
diante de um contrário quase sempre acéfalo, sem argumentos coerentes na arena,
quase sempre confundindo brilho com riqueza folclórica e arena cheia de pessoas
com coreografia cênica?
Diante do exposto, me
resta recomendar coerência, união e honestidade a todos em prol de um dos
festivais folclóricos mais ricos e bonitos do planeta. Tenho certeza de que não
há interesse em resultados manipulados em nenhum dos dois bois, cheios de
artistas trabalhadores, talentosos e incansáveis.
Por isso, torço para
que o que aconteceu seja fartamente investigado, – escutas ilegais não podem
ser prova jurídica, mas podem ser periciadas para comprovar que não foram
manipuladas – pois acusar sem provas é passível de processo e representa
julgamento antecipado e injusto dos envolvidos.
Torço para que os
responsáveis por quaisquer possíveis fraudes sejam identificados e punidos.
E, principalmente,
torço para que a corda não arrebente do lado mais fraco: se for comprovada, quem pagou por esta fraude?
Quem é o responsável
por esta vitória – de Garantido ou Caprichoso – engatada na garganta?