As vaias de Homero

Por Dulce Gusmão
Especial para o blog da Lydia Lucia

Estive na inauguração do gasoduto Urucu-Manaus e assisti a cara de pastel incrédulo do Amazonino – parecia até assustado - quando os presentes começaram uma baita vaia. Tudo começou com um erro grosseiro e, apesar de não culpar a assessoria do prefeito de Manaus, – sei que existe um trilhão de inassessoráveis, especialmente alguns “poderosos” que não conseguem visualizar mudanças ou nuances de cenário e não acreditam em comunicação –, fiquei impressionada com a falta de tato. Como alguém que contribuiu diretamente para o atraso do início desta obra pode incluir no discurso alguma coisa como estou orgulhoso pela inauguração deste gasoduto? Será falta de autoestima? Incapacidade intelectual? Cansaço? Soberba?

Amazonino solicitou educadamente a vaia, obviamente. E foi obviamente vaiado. Mais obviamente ainda, a imprensa amazonense tratou o entrevero com um frio calor: alguém até mesmo disse que o apupo se restringiu à claque da deputada federal Vanessa Grazziotin!

Mas a realidade da vaia, meus amigos, é a vaia! É tipo bocejo: alguém coerente e necessitado começa e o resto epidêmico responde. E é tipo incontinência urinária: constrange e apavora! Amazonino foi vaiado merecidamente. E me inspirou esse post engatado na garganta.

Presenciei também a vaia homérica do Eduardo Braga em um dos Festivais de Ópera de Manaus. Também merecida e fruto de erro grosseiro. Eduardo é conhecido pelos seus atrasos inconseqüentes. Marcar uma entrevista com ele às 14h significa, faz anos, perder a tarde, pois ele somente aparece duas horas depois do combinado. Falta de respeito? De consideração? De viés?

Mas eu, euzinha, – bem Lydia – jamais marcaria, com a população de Manaus, um horário para o início de um espetáculo de ópera gratuito em praça pública prometendo a presença de um governador com essa característica britânica. Resultado: governador, previsivelmente, duas horas atrasado e espetáculo atrasado do mesmo jeito. Via vaia, vai vaia, ai vaia de povão! De novo, passo a mão na cabeça da assessoria: Robério Braga, nosso eterno secretário de cultura, absoluto por cerca de 16 anos, jamais começaria um espetáculo com a presença de quinhentos reles súditos, sem a presença da autoridade máxima prometida. Será incapacidade intelectual? Cansaço? Soberba?

Bom... A última que lembro: Minha amiga Lydia, cansada de perder o amor de seu amor Marcus Assayag, se recusou a postar em seu blog as imagens da esperada e espetacular vaia sofrida por David Assayag no Boi Manaus 2009. Sem surpresas, David, todo azul, além da homérica e, de novo, óbvia vaia, recebeu várias moedas e cédulas jogadas “na cara” como protesto.

Preciso dizer algo mais? Óbvio que não. Foram merecidas, esperadas, importantes, emblemáticas, efusivas e evitáveis vaias.

Se não fosse a soberba.

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